OS DOZE MENINOS
JOÃO RODRIGUES
Num lugar muito longe do nosso mundo algo de muito especial estava acontecendo...
- Você vai se encontrar com todos eles?
- Eles quem?
- Todos os meninos do mundo um dia irão se encontrar com eles.
- Mas na verdade quem são eles?
- Os Doze Meninos meu filho.
- Mas eu não sei quem são eles...
- Você irá saber assim que for encontrado um a um.
- E quem vai ser o primeiro?
- Acho difícil saber?
- Acha é, veja bem, nem mesmo sei quem é o senhor, como posso saber quem são estes meninos.
- Sei Marquinho, eu sei que você está sonhando, por isso nem mesmo sabe quem sou eu.
- Mas eu saberia se eu estivesse acordado?
- É provável que soubesse, apesar de que muitas pessoas não têm mesmo lá essas consciências, nem mesmo da sua existência, pois se escondem no orgulho, na vaidade...
- Quer dizer que eu estou dormindo?
- Sim, e sonhando ao mesmo tempo se sente como se estivesse acordado, isso é a maravilha chamada sonho.
- Então o senhor é o sonho?
- Não, quem dera fosse eu o sonho, assim seria mesmo muito mais simples.
- Por que é muito mais simples seu sonho? Ou melhor, seu quem dera...
- Não Marquinho, eu não sou o sonho e nem mesmo esse nome que você está falando, quem sou eu! Eu sou a voz da sua consciência.
- Voz da minha consciência?
- Sim, a voz que nos faz sonhar, assim encontramos muitas vezes coisas que seria impossível de se encontrar na vida real, assim...
- Eu estou percebendo homem senhora.
- Homem senhora não. Por que homem senhora?
- Homem com nome de mulher.
- Por que nome de mulher?
- Claro! Dona consciência.
- Não meu amigo, você é que está me vendo como gente, mas eu não existo, eu só me materializo de maneira qualquer, conforme a consciência de quem sonha.
- Então é isso, contudo, a meu ver você não passa de um homem.
- Mas não sou, tenta me ver de outra forma.
- Não posso, não consigo.
- Por quê?
- Você é um homem, te vejo como um homem, só isso!
- Está bem, faça de conta que sou verdadeiramente um homem, e já que é assim, vamos, vou lhe mostrar os Doze Meninos.
De modo que no sonho o menino Marquinho saiu com o homem, ou melhor, a voz da consciência que para Marquinho era um homem...
- Onde vamos conhecer estes meninos?
- Isto não importa Marquinho?
- Por que não importa?
- Simples, tente entender uma coisa: O sol é quem dá luz à lua e não a lua ao sol.
- Não estou entendendo nada desta coisa de sol e lua, não tem nada a ver uma coisa com a outra.
- Não quero que fique nervoso filho...
- Não quero que me chame de filho, eu não sou seu filho, eu tenho pai e mãe, não estou precisando de outros, muito menos de um misterioso quanto você.
- Mas que tipo de mistério você está vendo?
- Mistério seu voz, você é um mistério.
- Não sou Marquinho, você é que está fazendo mistério em mim, eu sou assim, não compreendo as pessoas, elas fazem mistério nas coisas com os seus pensamentos.
- Você é mistério sim, vejo que você está flutuando, você não anda, você flutua.
- Então observe você!
Assim Marquinho pôde notar que estava bem distante da nossa realidade, estava flutuando como o homem do sonho, lá deveria ser...
- Aqui é o paraíso Marquinho.
- Mas não sei o que quer dizer seu louco, você é louco velho voz, homem voz.
- Não Marquinho, olhe pra cima.
Quando Marquinho olhou...
- Olá, eu sou Um...
- Um. Este é o seu nome?
- Sim, eu sou Um.
- Um, pra onde foi O voz.
- Não sei, só sei que sou Um.
- Por que você é Um?
- Não sei muito o motivo das coisas Marquinho, eu só sei que o que devemos saber é que somos você é Marquinho e eu sou Um.
- Está bem então Um. Estamos conversados, eu sou Marquinho e o que importa é ser o que somos.
- Esperem por mim...
- Quem é aquela coisa fina?
- Mais um dos Doze Meninos.
De modo que o que Marquinho chamou de coisa fina chegou dizendo:
- Olá Marquinho, eu sou Giz.
- Está tudo bem com você Giz?
- Sim Marquinho, muito bem obrigado.
Por instantes Giz ficou olhando em Marquinho e falou:
- Marquinho?
- O que quer Giz?
- Você não se preocupou com o meu nome.
- Não, nós não devemos nos preocupar com os nomes e sim com o que somos.
- Mas não se preocupou com o que sou?
- Isto também não nos interessa muito.
- Você está errado Marquinho.
- E quem é você coisa redonda, pra dizer que estou errado?
- Sou Dom.
- Dom, o que é Dom?
- O meu nome Marquinho, assim como você tem o seu, Um tem o dele, Giz tem o dele e...
- Eu tenho o meu.
- Isso. E eu tenho o meu - relatou alguém que acabava de chegar.
- E quem é você? - indagou Marquinho um pouco confuso com o aparecimento dessas criaturas em forma de meninos e com nomes estranhos, contudo cheios de vagas sabedorias.
- Pi, e é um grande prazer em te conhecer. No entanto já ouvi falar de você e suas incríveis aventuras com sua irmã Lina e o seu primo Juninho naquela Nave Espacial e a Máquina do Tempo...
- Nossa! Quantos nomes sem sentido têm vocês, e fico feliz por saber tanto de mim!
- O que tem a ver uma coisa com a outra, Marquinho, nomes são nomes, e falando de você, eu não posso negar o grande menino que o é.
- Tem algo estranho sim Pi, você é Pi eu sou Marquinho, sei que estou sonhando e vocês estão vivendo as suas vidas reais, ou estão sonhando quanto a mim?
- Somos reais Marquinho - interrompeu alguém ainda mais estranho.
- Quem é você? - indagou Marquinho surpreso.
- Pote.
- Pote, é uma grande satisfação te conhecer. No entanto, Dom estava falando, eu estava errado, de modo que eu gostaria de saber o que Dom queria dizer.
- Não se preocupe Marquinho, deixe isso para trás, o que importa e vivermos com muita alegria e satisfação.
- Por quê meu amigo, a vida é assim? - relatou alguém que vinha chegando.
- Você está me chamando de amigo! - Exclamou Marquinho.
- Sim, não sei o seu nome, na verdade chamá-lo de amigo...
- Tudo bem, eu sou Marquinho.
- E eu sou Aga, e desde já sou o seu fã.
- Aga, não teria um nome mais idiota para o seu pai ou sua mãe, sei lá, se for que você tem essas coisas...
- Tenho sim Marquinho, todos nós temos pai e mãe, afinal de conta não somos donos de nós mesmos.
- Eu sei perfeitamente disso, meu pai é Tim e a minha mãe é Maria, tenho uma irmã que se chama Lina.
- Isso. Já sabemos...
- O que me espanta é que sabem de mim e eu nada sei de vocês, a pouco Pi falava das minhas aventuras com Lina, Juninho, a Nave Espacial e a Máquina do Tempo.
- Já eu acho ainda mais incrível quando você foi com a Professora Eme lá na terra da Matemática. Até dava a impressão que eu também estava lá.
- E quem é você com tamanha simpatia?
- Sou Til, e me sinto grandemente feliz por estar ao lado de um menino tão especial quanto você. Se lembra da visita que você e a Professora Eme fizeram às Notas Musicais! Foi incrível, vocês subiram a rampa da melodia, que vontade eu tive de estar lá!
- Quanta emoção por me lembrar dessas aventuras maravilhosas Til. Sabe Til, como são as coisas. Hoje estou sozinho nesse sonho que só me trouxe até agora boas lembranças. E gostaria muito de poder me encontrar com todos eles e poder dividir essa alegria que estou sentindo com vocês.
- Quem sabe você realizará seu sonho nesse sonho que você está sonhando agora! - exclamou um menino com corpo azulado.
- Nossa! Como você é azul, como se chama?
- Anil, e você é Marquinho, irmão de Lina, filhos de Tim e Maria.
- Até agora em tudo acertou Anil, e me deixou ainda mais esperançoso com a possibilidade de me encontrar com eles.
- Pois é Marquinho, Luz vem chegando, quem sabe ele tem alguma notícia deles.
Assim que Marquinho olhou pro lado que Dom olhava, avistou o Luz que vinha acompanhado de outro menino.
- Quem deles é o Luz, Pi!
- O da direita, Marquinho. E o outro é o temido Bis.
- Temido por quê?
- Tudo que ele fala e faz é dobrado - relatou Aga, meio triste.
- O que da tristeza Aga? - indagou Marquinho colocando a mão nos ombros de Aga.
- Toda vez que nos reunimos ele fica assim Marquinho - informou Luz com um jeito diferente dos demais.
- Sinto algo diferente em você Luz.
- Deve ser impressão por causa do meu nome.
- Por ser Luz?
- Sim, muitos ficam curiosos.
- Bis se aproximou de Marquinho e disse:
- Quero te convidar para um almoço em nossa casa Marquinho.
- E onde é a casa de vocês, uma vez que até agora só vejo mato ao redor dessa praia de pura areia branca!
- Não é muito longe Marquinho - relatou Giz andando com aquela finura incrível.
De modo que Marquinho seguiu com os meninos e logo que entraram mato adentro Marquinho relatou:
- Agora ao andar nesse mato estou me sentindo como se fosse lá nas terras de meu avô Liano.
- Sente falta dele Marquinho? - indagou Dom.
- É a vida Dom, ninguém é eterno.
- Está enganado Marquinho - interrompeu alguém que saiu de dentro do mato.
- O que está falando menino do mato?
- Meu nome é Sul, e me sinto um dos meninos mais feliz do mundo em conhecer um exemplar aluno da famosa Professora Eme.
Marquinho abraçou Sul e disse:
- Onde fica a casa de vocês?
- Logo depois da curva Marquinho, relatou Pi animando o visitante.
De modo que ao longe Marquinho avistou uma linda casa que só mesmo em sonho para conhecer algo tão bonito.
- Que lindo! Será que um dia eu terei uma casa dessas!
Todos se calaram em frente à casa quando avistaram o homem misterioso do início de história que estava acompanhado do último menino dizendo:
- Venha conhecer Ser, Marquinho.
- Ocorda filho, é hora, vamos...
FIM
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