sábado, 29 de abril de 2023

Os Doze Meninos João Rodrigues

OS DOZE MENINOS

 

JOÃO RODRIGUES

 

                Num lugar muito longe do nosso mundo algo de muito especial estava acontecendo...

                - Você vai se encontrar com todos eles?

                - Eles quem?

                - Todos os meninos do mundo um dia irão se encontrar com eles.

                - Mas na verdade quem são eles?

                - Os Doze Meninos meu filho.

                - Mas eu não sei quem são eles...

                - Você irá saber assim que for encontrado um a um.

                - E quem vai ser o primeiro?

                - Acho difícil saber?

                - Acha é, veja bem, nem mesmo sei quem é o senhor, como posso saber quem são estes meninos.

                - Sei Marquinho, eu sei que você está sonhando, por isso nem mesmo sabe quem sou eu.

                - Mas eu saberia se eu estivesse acordado?

                - É provável que soubesse, apesar de que muitas pessoas não têm mesmo lá essas consciências, nem mesmo da sua existência, pois se escondem no orgulho, na vaidade...

                - Quer dizer que eu estou dormindo?

                - Sim, e sonhando ao mesmo tempo se sente como se estivesse acordado, isso é a maravilha chamada sonho.

                - Então o senhor é o sonho?

                - Não, quem dera fosse eu o sonho, assim seria mesmo muito mais simples.

                - Por que é muito mais simples seu sonho? Ou melhor, seu quem dera...

                - Não Marquinho, eu não sou o sonho e nem mesmo esse nome que você está falando, quem sou eu! Eu sou a voz da sua consciência.

                - Voz da  minha consciência?

                - Sim,  a voz que nos faz sonhar, assim encontramos muitas vezes coisas que seria impossível de se encontrar na vida real, assim...

                - Eu estou percebendo homem senhora.

                - Homem senhora não. Por que homem senhora?

                - Homem com nome de mulher.

                - Por que nome de mulher?

                - Claro! Dona consciência.

                - Não meu amigo, você é que está me vendo como gente, mas eu não existo, eu só me materializo de maneira qualquer, conforme a consciência de quem sonha.

                - Então é isso, contudo, a meu ver você não passa de um homem.

                - Mas não sou, tenta me ver de outra forma.

                - Não posso, não consigo.

                - Por quê?

                - Você é um homem, te vejo como um homem, só isso!

                - Está bem, faça de conta que sou verdadeiramente um homem, e já que é assim, vamos, vou lhe mostrar os Doze Meninos.

                De modo que no sonho o menino Marquinho saiu com o homem, ou melhor, a voz da consciência que para Marquinho era um homem...

                - Onde vamos conhecer estes meninos?

                - Isto não importa Marquinho?

                - Por que não importa?

                - Simples, tente entender uma coisa: O sol é quem dá luz à lua e não a lua ao sol.

                - Não estou entendendo nada desta coisa de sol e lua, não tem nada a ver uma coisa com a outra.

                - Não quero que fique nervoso filho...

                - Não quero que me chame de filho, eu não sou seu filho, eu tenho pai e mãe, não estou precisando de outros, muito menos de um misterioso quanto você.

                - Mas que tipo de mistério você está vendo?

                - Mistério seu voz, você é um mistério.

                - Não sou Marquinho, você é que está fazendo mistério em mim, eu sou assim, não compreendo as pessoas, elas fazem mistério nas coisas com os seus pensamentos.

                - Você é mistério sim, vejo que você está flutuando, você não anda, você flutua.

                - Então observe você!

                Assim Marquinho pôde notar que estava bem distante da nossa realidade, estava flutuando como o homem do sonho, lá deveria ser...

                - Aqui é o paraíso Marquinho.

                - Mas não sei o que quer dizer seu louco, você é louco velho voz, homem voz.

                - Não Marquinho, olhe pra cima.

                Quando Marquinho olhou...

                - Olá, eu sou Um...

                - Um. Este é o seu nome?

                - Sim, eu sou Um.

                - Um, pra onde foi O voz.

                - Não sei, só sei que sou Um.

                - Por que você é Um?         

                - Não sei muito o motivo das coisas Marquinho, eu só sei que o que devemos saber é que somos você é Marquinho e eu sou Um.

                - Está bem então Um. Estamos conversados, eu sou Marquinho e o que importa é ser o que somos.

                - Esperem por mim...

                - Quem é aquela coisa fina?

                - Mais um dos Doze Meninos.

                De modo que o que Marquinho chamou de coisa fina chegou dizendo:

                - Olá Marquinho, eu sou Giz.

                - Está tudo bem com você Giz?

                - Sim Marquinho, muito bem obrigado.

                Por instantes Giz ficou olhando em Marquinho e falou:

                - Marquinho?

                - O que quer Giz?

                - Você não se preocupou com o meu nome.

                - Não, nós não devemos nos preocupar com os nomes e sim com o que somos.

                - Mas não se preocupou com o que sou?

                - Isto também não nos interessa muito.

                - Você está errado Marquinho.

                - E quem é você coisa redonda, pra dizer que estou errado?

                - Sou Dom.

                - Dom, o que é Dom?

                - O meu nome Marquinho, assim como você tem o seu, Um tem o dele, Giz tem o dele e...

                - Eu tenho o meu.

                - Isso. E eu tenho o meu - relatou alguém que acabava de chegar.

                - E quem é você? - indagou Marquinho um pouco confuso com o aparecimento dessas criaturas em forma de meninos e com nomes estranhos, contudo cheios de vagas sabedorias.

                - Pi, e é um grande prazer em te conhecer. No entanto já ouvi falar de você e suas incríveis aventuras com sua irmã Lina e o seu primo Juninho naquela Nave Espacial e a Máquina do Tempo...

                - Nossa! Quantos nomes sem sentido têm vocês, e fico feliz por saber tanto de mim!

                - O que tem a ver uma coisa com a outra, Marquinho, nomes são nomes, e falando de você, eu não posso negar o grande menino que o é.

                - Tem algo estranho sim Pi, você é Pi eu sou Marquinho, sei que estou sonhando e vocês estão vivendo as suas vidas reais, ou estão sonhando quanto a mim?

                - Somos reais Marquinho - interrompeu alguém ainda mais estranho.

                - Quem é você? - indagou Marquinho surpreso.

                - Pote.

                - Pote, é uma grande satisfação te conhecer. No entanto, Dom estava falando, eu estava errado, de modo que eu gostaria de saber o que Dom queria dizer.

                - Não se preocupe Marquinho, deixe isso para trás, o que importa e vivermos com muita alegria e satisfação.

                - Por quê meu amigo, a vida é assim? - relatou alguém que vinha chegando.

                - Você está me chamando de amigo! - Exclamou Marquinho.

                - Sim, não sei o seu nome, na verdade chamá-lo de amigo...

                - Tudo bem, eu sou Marquinho.

                - E eu sou Aga, e desde já sou o seu fã.          

                - Aga, não teria um nome mais idiota para o seu pai ou sua mãe, sei lá, se for que você tem essas coisas...

                - Tenho sim Marquinho, todos nós temos pai e mãe, afinal de conta não somos donos de nós mesmos.

                - Eu sei perfeitamente disso, meu pai é Tim e a minha mãe é Maria, tenho uma irmã que se chama Lina.

                - Isso. Já sabemos...

                - O que me espanta é que sabem de mim e eu nada sei de vocês, a pouco Pi falava das minhas aventuras com Lina, Juninho, a Nave Espacial e a Máquina do Tempo.

                - Já eu acho ainda mais incrível quando você foi com a Professora Eme lá na terra da Matemática. Até dava a impressão que eu também estava lá.

                - E quem é você com tamanha simpatia?

                - Sou Til, e me sinto grandemente feliz por estar ao lado de um menino tão especial quanto você. Se lembra da visita que você e a Professora Eme fizeram às Notas Musicais! Foi incrível, vocês subiram a rampa da melodia, que vontade eu tive de estar lá!

                - Quanta emoção por me lembrar dessas aventuras maravilhosas Til. Sabe Til, como são as coisas. Hoje estou sozinho nesse sonho que só me trouxe até agora boas lembranças. E gostaria muito de poder me encontrar com todos eles e poder dividir essa alegria que estou sentindo com vocês.

                - Quem sabe você realizará seu sonho nesse sonho que você está sonhando agora! - exclamou um menino com corpo azulado.

                - Nossa! Como você é azul, como se chama?

                - Anil, e você é Marquinho, irmão de Lina, filhos de Tim e Maria.

                - Até agora em tudo acertou Anil, e me deixou ainda mais esperançoso com a possibilidade de me encontrar com eles.

                - Pois é Marquinho, Luz vem chegando, quem sabe ele tem alguma notícia deles.

                Assim que Marquinho olhou pro lado que Dom olhava, avistou o Luz que vinha acompanhado de outro menino.

                - Quem deles é o Luz, Pi!

                - O da direita, Marquinho. E o outro é o temido Bis.

                - Temido por quê?

                - Tudo que ele fala e faz é dobrado - relatou  Aga, meio triste.

                - O que da tristeza Aga? - indagou Marquinho colocando a mão nos ombros de Aga.

                - Toda vez que nos reunimos ele fica assim Marquinho - informou Luz com um jeito diferente dos demais.

                - Sinto algo diferente em você Luz.

                - Deve ser impressão por causa do meu nome.

                - Por ser Luz?

                - Sim, muitos ficam curiosos.

                - Bis se aproximou de Marquinho e disse:

                - Quero te convidar para um almoço em nossa casa Marquinho.

                - E onde é a casa de vocês, uma vez que até agora só vejo mato ao redor dessa praia de pura areia branca!

                - Não é muito longe Marquinho - relatou Giz andando com aquela finura incrível.

                De modo que Marquinho seguiu com os meninos e logo que entraram mato adentro Marquinho relatou:

                - Agora ao andar nesse mato estou me sentindo como se fosse lá nas terras de meu avô Liano.

                - Sente falta dele Marquinho? - indagou Dom.

                - É a vida Dom, ninguém é eterno.

                - Está enganado Marquinho - interrompeu alguém que saiu de dentro do mato.

                - O que está falando menino do mato?

                - Meu nome é Sul, e me sinto um dos meninos mais feliz do mundo em conhecer um exemplar aluno da famosa Professora Eme.

                Marquinho abraçou Sul e disse:

                - Onde fica a casa de vocês?

                - Logo depois da curva Marquinho, relatou Pi animando o visitante.

                De modo que ao longe Marquinho avistou uma linda casa que só mesmo em sonho para conhecer algo tão bonito.

                - Que lindo! Será que um dia eu terei uma casa dessas!

                Todos se calaram em frente à casa quando avistaram o homem misterioso do início de história que estava acompanhado do último menino dizendo:

                - Venha conhecer Ser, Marquinho.

                - Ocorda filho, é hora, vamos...      

FIM

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