sábado, 29 de abril de 2023

O Que é a Fé João Rodrigues

 O QUE É A FÉ

 

JOÃO RODRIGUES

 

            - O que é a fé?

            Quando fiz esta pergunta a certa pessoa, ela não pensou muito ao me responder...

            - A fé é acreditar no que não se vê.

            Voltei a insistir.

            - O senhor tem certeza?

            Notei que o homem se mergulhou no seu passado e disse?

            - Por que está me fazendo esta pergunta?

            Levei algum tempo para responder, olhando nos olhos do homem, relatei com profunda sinceridade.

            - Meu nome é João Rodrigues, sou um escritor e estou fazendo uma pesquisa no tocante a fé.

            O homem respirou mais aliviado e disse:

            - Compreendo.  Sou muito simples para responder à sua altura.

            - Não se trata de altura e nem tampouco de comparação. O que preciso mesmo é de sua opinião. De modo nenhum eu sairia por ai julgando as pessoas, indagando apenas por indagar. O que quero mesmo é matéria para escrever o meu livro e com isso levar ensinamentos às pessoas...

            Quando terminei de relatar o homem disse:

            - Está bem, a fé é uma coisa muito profunda, mas eu não sei bem, não sou tão letrado, não tenho palavras para dizer o que na verdade eu sinto, mas posso acrescentar que ela para quem a tem é uma coisa muito interessante.

            Fiquei satisfeito e ao mesmo tempo triste. Satisfeito por aquele homem que o chamei de pessoa, poder me transmitir, e triste por ver que se tratava de um analfabeto. Não no total, mas, sem nenhuma cultura, sem nenhum conhecimento.

            - Obrigado amigo, desculpe-me se por acaso lhe disse algo que não soou bem aos meus ouvidos.

            - De nada senhor escritor, o que posso lhe dizer  foi  o que falei.

            Fui andando cabisbaixo enquanto a voz do homem ainda passava por minha lembrança e lá dentro do meu coração ficou a vontade de que aquele homem tomasse conhecimento do que diz Mateus 6:30.

            - Bom dia senhor, posso lhe fazer uma pergunta?

            - Dependendo do quê.

            - É uma coisa simples!

            - Então diga.

            - O que é a fé?

            - Você é louco cara, isso é coisa de sair por ai perguntando...

            Este era um homem ainda novo, mas só de olhar pros olhos dele dava para perceber que tinha passado a noite inteira na prostituição.

            - Não senhor, não é caso de loucura, apesar de que esta questão de loucura depende muito da forma de se encarar, mas o que quero mesmo é saber da sua pessoa é o que é a fé.

            - Ah! Sei lá, deve ser acreditar em alguma coisa.

            Percebi que aquele homem vivia por viver ou estava apenas prejudicando as pessoas. Impedindo com isso que elas vivessem verdadeiramente em paz, pois ele é o que se pode dizer verme, um verdadeiro verme.

            - O senhor com certeza nunca ouviu falar sobre a fé?

            - Sabe cara! Isso não me interessa, acho melhor você dar o fora da minha loja, eu tenho mais o que fazer...

            - E se caso eu não me interessasse em dar o fora?

            Vi nos olhos do homem nascer uma chama de ódio e ao mesmo tempo uma grande dúvida, pois, logo ao me fitar falou:

            - Que diabo é o senhor?

            - Não sou nenhum diabo amigo, e sim um homem, uma criatura de Deus e por ver que seu estado normal também aparenta uma criatura de Deus, resolvi vir assim indagar ao senhor o que é a fé.

            - Está bem cara, mas eu não sei o que é esta coisa que você está falando.

            Deixei aquele monstro que se escondia atrás de uma imagem junto a uma vela vermelha, acesa. Pude entender que o que diz Lucas 7:9, não conduzia com aquele homem.

            - Bom dia senhora?

            - Bom dia, o que deseja?

            - Gostaria de lhe fazer uma pergunta.

            - Às suas ordens.

            - O que é a fé?

            - A fez é tudo aquilo que nos faz viver, sem a fé a vida não faz sentido.

            Fiquei olhando nos olhos da humilde mulher, senti que ela passava ou tinha passado por um período muito sofrido. Pois, logo em seguida, quase chorando ela relatou:

            - Só mesmo a fé filho, para ajudar a gente superar tantas coisas.

            Foi ai que vi que o que diz em Lucas 7.9 estava confirmado.

            Agradeci a mulher e continuei o meu trabalho.

            - Olá amigo! Tudo bem!

            - Sim, o que deseja?

            Era um homem gordo, aparentando uns quarenta e cinco anos.

            - Gostaria de saber o que é a fé?

            - Não tenho nada a declarar.

            - Mas eu vim de tão longe para saber isso!

            Continuei insistindo...

            - Não, não me interessa essa conversa, acho melhor o senhor se retirar da minha empresa.

            Desejei que todos aqueles de estivéssemos em Atos 6:5, estivessem comigo, para poder falar com aquele homem idiota.

            Sem mais nada, sai sem olhar para trás, sentindo que mundo estava precisando de outro dilúvio, até comentei comigo mesmo:

            - E aí João Rodrigues, você sabe o que é a fé? Para que ficar abatido com a pesquisa, vá em frente cara!

            Usei até mesmo o linguajar do idiota, mas, reanimei, e vendo em minha frente uma loja, entrei.

            - Bom dia senhora!

            - Bom dia, em que posso ser útil?

            Vi nos olhos da mulher, que já era quase meio dia, ela não havia ainda vendido nada. Notei que num alto estava a imagem de um ídolo. Tive vontade de perguntar quem era o santo que aquele barro representava, mas, não tinha eu ido ali para isso e sim para indagar sobre a fé. De modo que perguntei de maneira agressiva:

            - O que é a fé?

            Ela ficou um instante parada me olhando e depois disse:

            - Por que está me fazendo esta pergunta?

            Fitei firmemente nos olhos dela e falei:

            - Só quero saber o que é a fé?

            - Mas se eu não quiser responder?

            Antes que eu pronunciasse, vi que vinha vindo lá de dentro da loja um homem velho e que já vinha dizendo:

            - Algum problema moço?

            - Sim senhor, quero saber o que é a fé?

            - Não nos interessa responder a sua pergunta.

            - Mas o senhor está dizendo por si ou pela senhorita?

            - Isso não lhe interessa.

            Com tamanha brutalidade do velho, eu voltei a insistir.

            - Mas quero saber o que é a fé?

            - Mas eu não estou disposto a responder e vê se não enche....

            Fixei  o meu olhar no velho e falei:

            - Vejo que o senhor não tem nada a perder, mas, sou um escritor, estou fazendo esta pergunta a muitos, e gostaria de saber por que não quer responder?

            - Não disse cara, que não vou responder.        - Sim, o senhor disse, mas muitas pessoas dizem o que querem e o que pensam que são. Sei que me mandou sair da loja, mas, nem tudo isso me convence. O que quero mesmo é saber o que é a fé par o senhor e para sua senhorita.

            Quando a discussão continuava, entrou um cliente, fiquei em silêncio enquanto a mulher atendia a pessoa a qual fez uma compra e quando ia saindo eu a interrompi dizendo:

            - Amigo, gostaria que me respondesse o que é a fé?

            - Pois não amigo, a fé é a única coisa que nos leva a algum objetivo, que nos leva em primeiro lugar a conseguir a graça que pedimos ao nosso Deus.

            - Obrigado amigo.

            Agradeci o homem e sai com ele pondo a minha mão sobre o seu ombro, pois notei que ele sabia o estava escrito em Romanos 1:5, no entanto sei que aquele casal adorava ídolos. Jamais tinham lido Gálatas 2:16.

            Já na rua, as pessoas me olhavam de maneira estranha. Não consegui entender o por quê. De modo que, meio perdido, ouvi o homem dizer:

            - Que Deus lhe abençoe.

            - Amém.

            Respondi meio aéreo, e nem percebi para onde o homem se foi. Segui pela rua meditando o que diz em I Coríntios 13:2. De modo que murmurei:

            - Como eu poderia amar aquele casal. Será que é isso que eu teria de fazer. Amar aqueles idólatras, hipócritas, imbecis...

            Assim lembrei o que diz II Coríntios 1:24.

            Saí em uma praça que estava cheia de gente e lá no meio daquela multidão estava um homem dizendo:

            - Este é o melhor remédio para quem sente dor de cabeça, dor de dente, quem tem problema de asma, impotência sexual, problemas nas pernas, nas mãos e braços. Aproveite que está acabando, vamos gente, está no fim.

            Fiquei algum tempo observando aquela multidão que ouvia para que servisse o remédio que o tal homem falava.

            Assim imaginei.

            - Por que será que tanta gente ouve tanta idiotice, ou será que aquele homem estava com a razão!

            O certo é que ele dizia sempre a mesma coisa...

            Logo percebi um casal de velhos que discutia o que o homem falava. Um dizia que o tal remédio não valia nada, porém, o outro argumentava que o tal remédio era excelente.

            Aproveitei a oportunidade e me dirigi a eles dizendo:

            - Tudo bem gente?

            O velho me olhou de maneira estranha e disse:

            - Você é da polícia?

            Fiquei algum tempo em silêncio e respondi:

            - Não senhor, eu sou escritor e gostaria de indagar ao senhor o que é a fé.

            - A fé seu escritor, é uma coisa que inventaram para enganar as pessoas, pois, eu fui criado com este engano. Lutei, criei os meus filhos, dei-lhes ensinamentos e hoje eles nem se quer ligam par mim.

            Notei nos olhos do velho que na verdade ele sempre teve fé, porém, ele não tinha o conhecimento de que a fé sem a obra é simplesmente nula, é como se fosse a soma de zero mais zero.

            - Está bem senhor, o que me disse é tudo que precisava saber...

            - Desculpe se não pude ajudar.

            - Não, tudo bem, está ótimo.

            Fiquei olhando aquele pobre velho sair andando como se fosse um fantasma e cheguei até o ponto de imaginar que ele nunca tinha lido a bíblia, pois, ele não sabia o que estava escrito em Mateus 8:10. Olhei pro meu relógio com um pouco de incomodo do estomago. De modo que percebi que já passava do meio dia. Entrei logo ali perto em um pequeno bar onde servia comida em uns poucos bocados, e ao me assentar ao lado de uma mesa perto das outras pessoas como criação se servindo em cachoeiras.

            - O que você quer moço? - indagou uma moça quase nua que atendia a mesa.

            - O que a senhora tem?

            - Senhora não moço! Eu sou uma senhorita.

            - Ah! Já que faz caso, senhorita pode me trazer o prato do dia.

            Ela passou um pano sobre a mesa, arrastando o resto de comida que alguém tivera deixado cair, enquanto fazia a tal operação. Notei que ela deixava seus seios em forma de mamão de corda, soltos em uma blusa de meia, fazendo com que me sentisse atraído pelo seu sexo.

            - Senhorita, posso lhe fazer uma pergunta?

            - Sim, desde que seja rápido.

            - O que é a fé?

            Ela ficou um instante em silêncio e depois disse:

            - Eu tenho mais o que fazer...

            Ao dizer tal coisa, deu as costas, fazendo com que eu visse a sua calcinha que tampava a sua nudez sob uma saia transparente. Observei também as pessoas que comiam ali. Umas demonstravam estarem vagando na imaginação...

            - Aqui está a sua comida cara.

            - Obrigado senhorita.

            Alimentei daquele bocado de comida e depois que paguei, sai palitando os dentes indo na direção de um banco no jardim logo ali na praça...

            Observei já assentado no banco, que alguns passarinhos corriam em busca do seu alimento... De modo que até comentei comigo:

            - Interessante! Eu paguei para aquela prostituta alguns cruzeiros a qual me serviu um pouco de comida e quanto às aves? Que se alimentam sem nenhum tostão. Se eu soubesse falar a língua delas eu bem que perguntaria a elas, o que é a fé.

            - Está falando só cara?

            Olhei assustado, era um homem moreno aparentando uns cinqüenta anos.

            - Ah! Sim! Estou fazendo uma pesquisa, o que me faz um tanto assustado.

            - Posso saber o que é?

            - Sim, claro. O que é a fé?

            Vi que o homem estremeceu e arregalou os olhos.

            - Isso não é pergunta que se faça.

            Depois que disse, se foi, levando consigo uma grande carga de nervo.

            - Meu Deus!

            Foi o que falei comigo mesmo. Levantando-me do banco e seguindo em direção de uma loja que tinha sido aberta há pouco. Parecia que já tinham voltado do almoço.

            - Pois não - argumentou um rapaz carregando nos seus olhos grande otimismo.

            - Quero saber o que é a fé?

            - Não temos isso aqui para vender.

            - Talvez o senhor não entendesse o que perguntei.

            - Sim, é provável. O que o senhor deseja?

            - Quero saber o que é a fé?

            - Não posso responder. Sei que a fé existe, mas não tenho palavras que possa... não, não sei. É só isso?

            Nem respondi o idiota. Deixei que ele ficasse falando sozinho. Vi lá num canto da parede, um quadro de um ídolo com lâmpadas coloridas ao seu redor. Percebi que ele vive distante de Deus. Ele estava aprofundando na lama, vivendo na lama, com coisas da lama. Ele era a lama...

            Sei que aquele pobre rapaz só pensava com aquele olho de otimismo, era com certeza no dinheiro, no cifrão. Ele na verdade nem mesmo podia me dizer que tinha fé, ao menos na coisa da lama que ele adorava, ele era na verdade o hipócrita, pois se os seus negócios fossem abaixo, aposto que ele atiraria aquele quadro ao lixo e poria outro no lugar, como se os fossem obrigados a resolverem os seus problemas.

            Continuei a minha maratona. Sabia que em algum lugar eu iria encontrar alguém que me dissesse o que seria a fé. Pois até então não me sentia satisfeito.

            - Ah! Vou perguntar àquele velho.

            Era um velho que vendia laranjas na rua. Tinha também uvas, tangerinas, abacaxi e outros itens que não me recordo.

            - Olá meu velho, poderia me descascar uma laranja?

            Sem me responder, o velho colocou a laranja na máquina e em poucos segundos me entregando-a, retirando o tampinho.

            Tão logo recebi a laranja me assentei num caixote de madeira que ficava perto do carrinho e fui chupar a laranja ao mesmo tempo falar com velho nos seus intervalos que se formavam entre um e outro cliente que ali chegava.

            - O senhor poderia me responder o que é a fé?

            - Meu filho, a fé é a única coisa que nos faz viver. É ela que faz alimentar a esperança, sem a fé jamais conseguiremos o que pretendemos, mesmo que seja impossível aos nossos olhos. Mas com ela logo estaremos ao nosso futuro desejado.

            Olhei nos pés do velho, observei que seus sapatos sujos não conduziam com tamanha sabedoria. Vi também que, qual seria o sonho dele. Viver ali vendendo laranjas. Que tipo de receita o conseguiria? Será que o sonho dele era realmente ter um tipo de negócio?  Mais uma vez eu percebi que todos levam a fé para o lado de conseguir o bem material, conseguir a sobrevivência, nem sequer um deles visa o lado do próximo, o lado da caridade, e sim o cifrão.

            - Como o senhor está dizendo, que através da fé conseguimos o que desejamos qual o maior desejo que o senhor conseguiu através da fé?

            - Filho, eu nem gosto muito de comentar a respeito da minha vida.  Mas, sinto que você está indagando isto para um bem qualquer, talvez para conseguir também o seu próprio sustento.

            Senti que o velho parecia ler meus pensamentos, pois até ousou em revelar o meu sustento.

            - Não meu velho, o caso é bem diferente.

            - Mas se me permite filho, eu gostaria de lhe perguntar o que é fé?

            Levei um momento para responder ao velho simpático, em seguida falei:           - Meu velho sabe que pelo que me disse nunca passou pela sua cabeça o que seria a fé, mas desde já posso lhe garantir que nada conseguirá sem ela. E a fé é a palavra de ordem para o bem, desde que ela esteja acompanhada da obra, da ação, do ato de amor, caridade, respeito para com Deus...

            - Que bonito filho. Eu também sempre pensei nisso, mas não sou dono de um vocabulário para poder expressar desta maneira elegante.

            - Com a fé o senhor adquirirá este vocabulário.

            - Mas, não tenho estudo filho, mal sei descascar laranjas.

            - Não seria uma forma de comodismo?

            - Comodismo como?  Um velho igual a mim!

            - Sim, mas o senhor foi novo igual a mim, e que fez?

            - Nada. Sempre trabalhando como cão e sem nada conseguir.  Sou isso que você está vendo.

            - Compreendo velho. Parece que o senhor ficou do lado dos que dizem que...

            Interrompi o que dizia quando chegava uma grande quantidade de pessoas para comprarem as frutas, de modo que paguei o velho o que devia e saí imaginando como seriam os seus pais, será que tinha as mesmas manias e as mesmas idiotices, e com isso acabaram por ensiná-lo, fazendo com que ele se tornasse aquele tipo de gente, ou foi o tempo que por ficar longe da fé acabou se desmoronando. Assim saí andando pela rua e pensando no que estava escrito em Romanos 1:17.

            - Sei que Deus sabe que todos os seres que vivem na terra poucos deles sabem na verdade o que é a fé.

            De modo que eu falava comigo mesmo. Andando pela rua a fora...

            Logo vi um homem que não tinha as pernas, senti vontade de perguntar a ele o que seria a fé, mas ao vê-lo se arrastando pelo chão, continuei pensando e falando:

            - Eu não devo agir desta forma...

            Num ponto de ônibus vi que muitas pessoas esperavam para seguirem os seus destinos. Ali entrei também na fila e percebendo a paciência que aqueles comuns tinham em esperar pacientemente o ônibus, até cheguei a pensar o que será que seria se soubesse o que estava escrito em Marcos 4:40.

            Atrás de mim na fila, formava uma grande multidão que vinham chegando como se fossem animais irracionais. Cada qual com um semblante ainda mais abatido, nem sequer cumprimentavam os que ali chegavam.

            Vi que uma grande fila se formava, seria necessário de alguns ônibus para que todos se acomodassem, no entanto, chegou o ônibus que logo abriu as suas portas. Na da frente desciam pessoas demonstrando em seus olhares como que lá dentro do ônibus estivesse um grande formigueiro, enquanto que na porta traseira dava a impressão de uma cobra engolindo as pessoas. Eu fui um dos últimos a entrar, e por sorte consegui um lugar para me assentar perto de uma senhora que dividia o seu lugar com uma criança.

            - Como fica cheio o ônibus, hem!

            - É, isso e uma desgraça. É sempre assim, eles não põem ônibus na linha. Só querem o dinheiro, mas o atendimento sempre foi ruim.

            Notei que a mulher parecia revoltada, de modo que atrevi a perguntar:

            - A senhora poderia me responder o que é a fé?

            - Sim, a fé é o princípio à obediência a Deus. Por que, o senhor é um crente?

            - Sim, sou um cristão. Este nome que se denomina o crente que a senhora se referiu.

            - É que um católico jamais faria esta pergunta a alguém.

            - Compreendo o que a senhora quer dizer.

            Não relatei a minha bandeira conforme muitas pessoas dizem, preferi dizer a ela que era um cristão, pois o que pude entender até então, que a única forma da pessoa poder viver em paz é através do nome de Deus, mas em especial, o bom nome que posso garantir é o do nosso senhor Jesus Cristo, esse é o verdadeiro caminho para podermos um dia estar junto ao Pai...

            No entanto, é bom salientar que o que está escrito em II Coríntios 5:7...

            - Vejo no senhor tamanha sinceridade no que diz.

            Ouvi o elogio da mulher e percebi que ela não tinha conhecimento do que estava escrito em Felipenses 1:27.

            - Compreendo senhora, e me dê licença que resolvi descer.

            - Como posso falar com o senhor?

            - Meu endereço e a palavra de Deus, o seu evangelho.

            Algumas pessoas ouviram o que falei, sei que desci do ônibus e muitos me olhavam de maneira estranha. É provável que no meio deles havia muitos possuídos por satanás, o qual não permitia que tivessem acesso a bíblia. E, pude observar que nunca tinham lido Tito 1:1.

            O ônibus se foi e o ambiente ali naquele bairro deserto era de medo. Notei que as pessoas vinham das padarias ou de outros destinos e de uma forma estranha não continham seus olhares em mim, de modo que procurei o ponto do ônibus que vinha de volta à cidade.

            - Neste ponto passa ônibus para a cidade amigo?

            - Sim amigo - respondeu o moço que se sentia em seu olhar...

            - É, é a vida...

            - Mas o que tem a vida?

            - Problemas, amigo, muitos problemas...

            - Mas, o senhor sabe me responder o que é a fé?

            - Não, não sei o que quer dizer a fé.

            - Talvez se o senhor soubesse não estaria assim.

            - Como pode afirmar quem é o senhor?

            - Sou um homem bem normal, mas com poder talvez maior do que outras pessoas.

            - Vem me dizer que o senhor não tem problemas?

            - Depende do que o senhor refere-se, problemas...

            - Sim, problemas, perder o pai, a mãe, num acidente de carro...

            - Isto seria um acidente, não um problema, nós amigo, na verdade, não somos donos de nada...

            Fui interrompido de falar quando o ônibus chegou. De modo que entramos e nos assentamos.

            - Como o senhor ia dizendo...

            - Sim, na verdade é que não somos e não temos nada. Somos no entanto criaturas de Deus, viemos ao mundo como anjos e somos ainda quando criança apresentados ao senhor, ai começa o nosso caminho, aquele que escolhe o caminho do bem, será para o bem, e o que escolhe o caminho do mal, servirá o mal...

            - Não concordo com o senhor - argumentou o moço levantando da cadeira nervoso.

            Argumentei comigo mesmo:

            - Gostaria que ele conhecesse o que diz a bíblia, e não o que ele pensa...

            Outra pessoa veio e se assentou onde ele estava e disse:

            - Falou algum terrível para ele?

            - Não, eu perguntei a ele o que é a fé.

            - E o que ele disse?

            - Disse que perdeu o pai e a mãe num acidente de carro.

            - Por que o senhor lhe fez esta pergunta?

            - Ela é o objetivo de uma pesquisa que estou fazendo para escrever um livro.

            - Então o senhor é um escritor?

            - Sim.

            - E o senhor quer que eu acredite?

            - Não estou preocupado no que o senhor acredita, o certo é que sou um escritor.

            Enquanto eu falava com o moço, houve uma colisão do ônibus que estávamos com um outro. No som fúnebre entre gritos em aflição e vidros quebrados.

            Na batida a porta traseira do ônibus se abriu, assim aproveitei para auxiliar ao socorrer as vítimas, e lá no meio da dor estava aquele hipócrita que tinha ficado nervoso por eu ter falado com ele.

            - Estou muito mal...

            Olhei firmemente nos olhos dele e disse:

            - Tenha fé. Eu vou orar a Deus pela sua melhora.

            Senti nos seus olhos que estava arrependido pelo que tinha feito, porém, sei que ele não tinha ainda coragem de ler Gálatas 3:12.

            A multidão de curiosos se ajuntava, um dos motoristas fugiu quando viu a polícia chegar...

            - Bem João Rodrigues, acho que já é hora de ir...

            Fui, sei que lá bem adiante tomei um outro ônibus e me assentei perto de um senhor que cochilava com o som do motor.

            - Está tirando um cochilo amigo?

            O homem me olhou, vi nos seus olhos vermelhos uma imagem de dor e logo em seguida a resposta dele acompanhada com um bafo de pinga.

            - Qual é o problema cara?

            - Nada amigo, só quero saber o que é a fé?

            - Isso é conversa fiada cara, é conto do vigário.

            - Falou cara, está bem.

            Fiquei meio sem ambiente, pois para que fui falar com aquela coisa, sei que ele me alugava e as pessoas ficavam sorrindo. O certo e que ele dizia:

            - Então você está querendo saber o que é a fé? Pensando que sou um idiota cara! Vou acreditar nisso!

            Senti que dentro daquele ônibus ele tinha mais adeptos do que eu, de modo que procurei descer bem antes de chegar ao ponto desejado.

            - Já escurecia quando desci do ônibus, assim resolvi entrar em um cinema e ver o filme que ali passava...

            Já dentro do cinema me assentei perto de uma mulher que parecia estar só. Notei que ela estava muito interessada na fita, pois parecia que nem tinha notado a minha chegada.

            - Está gostando do filme?

            - Sim, é muito interessante. O que quer?

            - Nada, só vim ver o filme.

            - Mas já está no final.

            - Pois é só agora que pude vir.

            - Você trabalha em quê?

            - Sou escritor.

            - Escreve o quê? Ou melhor, que tipo de livro?

            - Todo o tipo, mas agora em especial estou pesquisando para escrever o que é a fé.

            - O que é a fé! - exclamou a mulher se sentindo apreensiva.

            - Sim, percebo que muitas pessoas não sabem na verdade o que significa a fé.

            - Mas isso sempre foi assim.

            Antes de a mulher terminar de falar o filme acabou, de maneira que as luzes se ascenderam e estava perto do seu lado uma muleta, parecia que usava uma perna de pau, ou dizendo melhor, uma perna mecânica, pois dava para perceber que ela andava se arrastando pela vida...    Notei em seu olhar um profundo preconceito, talvez pelo fato de lhe faltar um membro.

            Fiz de conta nada ter percebido e de maneira que falei?

            - Agora você vai embora?

            - Não, vou ver o filme com você, sinto muita necessidade de companhia.

            Seria ela acostumada ir ao cinema usando a forma da escuridão para que alguém pudesse te enamorar.

            Vi que eram lindos os seus cabelos, os seus bustos sensuais, vi que eles convidam qualquer homem a desejar o seu sexo.

            No instante do intervalo de uma sessão para outra do filme, uma música nos permitia o deleite de poder falar como se fossemos verdadeiros amigos. Senti que os seus lábios tinham desejos de tocar aos meus.

            - Você é um homem muito atraente!

            - Você também é uma linda mulher!

            - Meu nome é Denise...

            Peguei na mão dela e senti que estava um pouco úmida, de modo que falei:

            - O meu nome é João Rodrigues!

            - Se eu fosse uma moça normal, quem sabe eu poderia ser a sua namorada!

            Fiquei algum tempo olhando ternamente os seus olhos e ela relatou:

            - Como foi bom ter lhe beijado...

            Fiquei imaginando, será que teria sido a fé que a fizera...

            Assim percebi que o diz Lucas 17:6, Efésios 4:5...

Portanto sei que a minha experiência me conduziu ao rumo muito importante em minha vida, agora sei que a fé em meu trabalho aumentou mais e mais.

            Quero dizer a você que teve a oportunidade de ler esta pequena história que tenha fé e o Senhor Jesus sempre estará do seu lado, pois tudo que temos de fazer é acreditar, nada mais do que acreditar, com a fé inundando os nossos corações e deixando que o Senhor Jesus nos conduza ao nos desejos conforme a sua vontade.

            Por tempo fico imaginando como será a vida de cada uma das pessoas que visitei nessa peregrinação em busca desta história para que você pudesse entender um pouco a respeito de cada um que vive ao nosso redor.

            Sei que muito deles não me deu a atenção que eu merecia, portanto não estou aqui para julgá-los, e sim para poder entender como se vivem as pessoas no tocante a fé e em especial no tocante ao Senhor Jesus, que deu a sua própria vida para nos conceder a vitória. 

 

 

FIM

Nenhum comentário:

Postar um comentário