O PESCADOR
JOÃO RODRIGUES
A noite estava com céu claro, pois a linda lua fazia o seu belo espetáculo nas margens do Rio Carinhanha.
Lá na imaginaria casa de Juninho depois de uma linda história que sua querida mamãe contou, ele dormiu.
E como era lindo o querido filho que dormia, até parecia uma magia, mal respirava e a sua mamãe se levantou dando um beijo em sua face dizendo:
- Durma com deus querido.
E Juninho dormiu. Logo sonhou que estava em sua mágica nave sobrevoando lentamente sobre as águas do rio.
- Quero ver onde tem pescadores pra eu poder avisar aos peixes.
Juninho falava consigo na sua caçada contra os pescadores que ia matar os pobres peixinhos. E logo ali numa curva do rio...
- Um pescador! Vou avisar aos peixes!
A sua nave mágica penetrou nas profundezas da água e Juninho acionou o SOS e os cardumes de peixes vieram até ele.
- Amigos. Têm um pescador que está querendo matar vocês. Fujam por aqui.
Juninho levou os cardumes de peixes pra bem distante dali e disse:
- Fiquem aqui que vou mandar o pescador ir embora.
Os peixes ficaram em segurança e Juninho se foi. O Pescador segurava a linha, na esperança de que algum inocente peixe viesse preso ao anzol. Juninho lá no fundo do rio lançou a mão mecânica de sua nave e cortou a linha.
No impacto o valente pescador ao sentir que algo tinha cortado a linha disse:
- Diabo, quem será que fez isso!
Naquele momento Juninho surgiu sobre as águas do rio dizendo:
- Está falando sozinho amigo?
Quando o homem o viu na penumbra do luar, sacou de sua arma e atirou em Juninho, porém não adiantou, pois os vidros à prova de bala não deixaram que nada acontecesse ao guerreiro que disse:
- Tenha calma amigo, eu só vim defender os peixes, não quero que eles sejam extintos.
O homem morrendo de medo falou:
- Quem é você, que nem bala te atinge?
- Sou Juninho, o fiel amigo da natureza, amo os peixes e as aves, os animais de um modo geral e amo também os homens que não matam os meus amigos que vivem naturalmente.
- Mas eu não sou nenhum matador - argumentou o pescador.
- Há não, e porque atirou em mim?
- Você me assustou com esta coisa.
- Não seu pescador, você tem o espírito de grandeza, gosta de matar os bichinhos, você é covarde.
- Não, eu pesco pra comer, pesco pra matar a minha fome.
- E tem que matar a sua fome logo com eles?
- Sim, todos fazem assim.
- Não fazem só os ignorantes fazem, mas os inteligentes criam os seus animais domésticos, criam pêra se alimentar.
Juninho falava e o homem como uma serpente preparou uma dinamite e jogou-a em sua nave.
Na explosão da dinamite o fogo fez um clarão e Juninho viu o semblante assassino do homem.
Minutos depois que o eco da explosão ainda percorria as margens do rio, Juninho surgiu novamente e disse:
- Está vendo quanto mau é o senhor? Queria me matar. Gostaria que o meu pai passasse agora em sua casa e matasse o seu filho? Seu cara de retardado. Vou lhe dar uma lição.
Juninho tocou a sua sirene e em poucos minutos grandes cardumes de peixes chegavam das profundezas das águas. E depois de todos ali, Juninho falou:Quero que vocês dêem uma lição nele amigos?
E, a grande quantidade de peixe pulou dentro do barco do maldito pescador levando-o ao naufrágio.
- Socorro, socorro - gritava aflito aquele homem.
- Tirem a roupa dele - ordenou Juninho.
Logo os peixes deixaram o homem nu. Juninho chegou até ele e lançou-lhe a mão mecânica da nave e o levou para margem do rio dizendo:
- Eu tenho amigos, não preciso de dinamites para acabar com um pescador idiota quanto você! Mas não vou te matar, só quero fazer um trato.
- Que trato seu demônio das águas.
- Juninho amigo, é o meu nome.
- Sim Juninho, o que quer que eu faça?
- Primeiro uma promessa.
- Que promessa?
- De nunca mais vir ao rio matar os peixes.
- Isso eu não posso.
- Por que o Senhor não pode?
- Não é da sua conta.
Quando o homem se viu em terra firme partiu pra cima de Juninho, porém ao tocar em sua nave.
- Ai!
E caiu estrebuchando no chão de dor. - Esqueci de te falar seu idiota, que minha nave não pode ser tocada.
O homem desesperado gritou:
- Quem é você menino do inferno? Quem é você?
Juninho não respondeu ao homem e furioso mandou a sua nave amarrar as mãos dele e saiu arrastando-o sobre as águas do rio, e de vez em quando dava uma mergulhada, fazendo o pobre coitado beber um pouco de água.
- Solte-me seu desgraçado!
Depois que Juninho deu um bom castigo no pescador, o trouxe de volta a terra e o soltou.
- Agora descanse um pouco que vamos conversar como gente civilizada seu pilantra.
- Eu não sou nenhum pilantra, eu sou Gusmão.
- Está bem seu Gusmão, vamos conversar.
E Juninho ligou o dispositivo nuclear de sua nave fazendo aquecer o seu Gusmão dizendo:
- Seu Gusmão, o que quero do senhor é muita honestidade.
- Está bem Juninho, o que quiser que eu faça eu farei, poupe a minha vida, eu tenho filhos pra criar.
- Nada vai lhe acontecer seu Gusmão, eu sei que não devemos matar ninguém, somos todos irmãos, somos amigos.
Juninho deu sinal aos peixes que trouxeram o barco de seu Gusmão e quando o homem viu o seu barco sair de dentro das águas do rio falou:
- Um milagre, isto é um milagre Juninho, você é do outro mundo, você é do outro mundo.
Além dos peixes trazerem o bardo de volta, trouxeram tudo que tinha dentro dele até mesmo os peixes que o seu Gusmão já tinha matado.
- Obrigado Juninho, muito obrigado.
- Calma seu Gusmão, ainda não disse o que quero do senhor.
Seu Gusmão ajoelhou-se e disse:
- Diz o que quer Mestre, pode dizer.
- Levante seu Gusmão, eu não sou um Mestre, eu sou Juninho, se ficar com estas macaquices, vamos dar outra voltinha nas águas do rio.
- Não seu Juninho!
- Seu Juninho não seu Gusmão, eu sou apenas um menino.
Está bem Juninho, o que quer que eu faça?
Assim Juninho falou:
- A partir de hoje seu Gusmão, amigo Gusmão, o senhor nunca mais ira matar os peixes.
- Nunca irei matar os peixes.
- Deixe-me falar! - Sim Juninho, pode falar.
- Acompanhe o que vou dizer que isso é um juramento.
- Pode falar Juninho, isso é um juramento.
De modo que Juninho falou:
- Eu Gusmão.
- Eu Gusmão.
- Amigo dos peixes, e de todos os animais.
- Prometo ser o defensor de todas estas espécies.
De modo que Juninho fez o seu Gusmão jurar que além de ser o defensor, iria andar por toda parte do rio fazendo com que outros pescadores abandonassem esse costume de maldade.
E quando estava tudo acertado, o dia já estava amanhecendo, assim Juninho se despediu do Seu Gusmão e se foi voando sobre as águas do rio Carinhanha, enquanto felizes os peixes pulavam sobre a correnteza das águas.
E lá naquele lindo rio não se pode pescar, pois se for cometer tal crime será rigorosamente repreendido pelo seu Gusmão, o amigo dos peixes e de todos os que não maltratam os animais.
Juninho por sua vez, deve estar em outro sonho salvando outros seres que se sentem ameaçados.
FIM
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