A POESIA
JOÃO RODRIGUES
Na sala de aula, Marquinho mais uma vez com a sua professora Eme, brincavam no sonho de aprender com os seus colegas.
- Professora, quem é aquele homem?
- Sou o professor Poema.
- Professor Poema, nome estranho professora?
- Sim Marquinho, mas não tem nada a ver, nome é nome.
- É isso é, mas bem que ele poderia ter um nome mais bonito.
- Isto não interessa agora o que temos mesmo que fazer e ir em frente, não viemos aqui para ficarmos falando de beleza de nomes.
- O que foi mesmo que viemos fazer?
- Se esqueceu...
- Não, me lembrei - argumentou Marquinho vendo que chegava de uma maneira flutuante, grande quantidade de letras e elas se formavam poemas.
- Veja professora, que lindo!
- É a poesia Marquinho.
- Não sabia que a poesia fosse assim.
- Pois é! - exclamou o Professor Poema tendo a primeira estrofe do grande poema de letras.
- “A do meu amor, Andando sempre comigo, A cada instante vivido,
A a a’’...
Marquinho gostou de ver, até leu:
-“ B de bondade, Bom ato e gratidão, Boa nota que tenho, Bom pro coração’’.
- E este Marquinho! - exclamou a professora Eme lendo:
- “C do meu caminho, Com carinho eu vou, Caminhando com amor Cada ser’’...
Quando a professora lia...
- “D de grande desejo, De Deus em nossa vida, Dentro do nosso eu,
D da despedida’’...
- Bonito Marquinho, agora sou eu - argumentou o Professor lendo:
- “ E de escola, Estado e emoção, Espírito esportivo, Esperança e esperar’’.
- “ F de flor, Formosa sempre a cheirar, Fazendo alguém cantar
Feliz, feliz, feliz’’...
- Gostei Marquinho! - exclamou a professora lendo:
- “ G de gratidão, Glória e ilusão, Gesto e confissão, Glória, glória, glória’’...
- Este é mais bonito.
- Qual Professor Poema?
- Este Marquinho - continuou o Professor lendo:
- “ Hora, hora, hora, H da honraria, Hora de todo dia, Hora sempre hora’’...
- Não gostei muito, acho mais bonito este - disse Marquinho fazendo pouco do verso do Professor.
- “ Independência ou morte, Instante decisão, Instrumento em sua mão Independente somos’’.
- Isso Marquinho, se não fosse ele...
- Eu sei professora, veja esse - continuou Marquinho.
- “Justo é sempre bom, Justificando o dever, Julgando sem parecer
Junto ao seu viver’’.
- Não achei lá estas coisas.
- Por que Professor?
- Este é melhor.
- Qual é o melhor?
Assim o Professor respondeu o menino.
- “ K só com k, K letra vulgar, K km kg, K não sei mais’’...
Marquinho ficou por um instante em silêncio e depois falou:
- Professora, o que está acontecendo com a classe, todos estão em silêncio.
- Eles estão dormindo Marquinho - interrompeu...
- Quem é você?
- Sou o Professor Sono.
- Professor Sono, já vi muitos outros Professores, mas, esse Professor Sono, esse é muito engraçado.
- Pois é Marquinho, e eu sei ler também.
- Como se você é sono, só pode viver dormindo.
- Engano seu Marquinho - argumentou o Professor Sono dizendo bem alto:
- “Liberdade, liberdade, Leva a nação avante, Livremente a viver’’...
Marquinho gostou muito do Professor Sono e o abraçou dizendo:
- Nunca pensei que um dia fosse conhecer o Professor Sono.
- Obrigado Marquinho, eu sempre te conheci.
- Como, você...
O Professor não deu muita atenção a Marquinho e continuou recitando as poesias:
- “ Meu coração apaixonado, Morre de tanta saudade, Minhas veias como lágrimas, Minha lágrima de paixão’’.
Até a professora Eme ficou encantada com o Professor Sono.
- Fale, mais um Professor.
- Sim Marquinho, você é um menino muito interessante.
- Obrigado, pode falar.
- Sim, claro que posso.
De modo que o Professor continuou dizendo:
- “ Nada posso fazer, Na vida por nada ser, Na confusão do ser, Nada posso entender’’.
Marquinho olhou pro lado e observou que o Professor Poema tinha desaparecido.
- Professora Eme, pra onde...
- Ele se foi Marquinho.
- Não gostou da chegada do Professor Sono?
- Isso Marquinho - interrompeu o Professor Sono dizendo:
- “ O” o não é um ovo, O ovo não é um “o”, O e o ovo são parecidos, Olho o ovo e o “o”
Marquinho se aproximou da Professora Eme e disse:
- Bem que o Professor Poema se foi, que esse Professor é mesmo muito metido.
- “ Para que parar, Pois o p da poesia, Põe sempre alegria, Pode Marquinho’’...
- Olhe só ele, ainda põe até o meu nome nas poesias dele.
Marquinho indignado, mas não parava de observar a sabedoria do Professor Sono que continuava a dizer:
-“ Quero sempre querer, Quero o que sempre quis, Quero poder dizer
Que quero ser feliz’’.
Marquinho observou que o que estava acontecendo na verdade era verdadeiramente um sonho, pois ele até relatou:
- Professora Eme, estamos acordados ou estamos sonhando?
A professora não respondeu, pois foi interrompida pelo Professor Sono que disse:
- “ Rapaz não fique triste, Resolva com atenção, R sempre existe, Retratando a resolução’’.
Nervoso Marquinho relatou:
- “ Sei que s existe, Sabia quanto a mim, Sem s alguém desiste, Sem s não tem o sim’’.
- É isso Marquinho - argumentou Lina que acabava de chegar.
- Lina, o que está fazendo aqui?
- Não posso sonhar também, afinal você está falando com o Professor Sono.
- “ Teus olhos como são lindos, Todos azuis como o mar, Tempos em tempos’’...
- Parabéns Lina, agora acredito que é mesmo minha irmã.
- Lina é sua irmã mesmo Marquinho? - indagou o Professor Sono.
Lina não permitiu que Marquinho respondesse o professor, pois continuou dizendo:
- “ U últil para mim, Unidade do viver, Unicamente a ser, União do meu poder.
Marquinho não respondeu o Professor.
- Lina não deixou professor, e para onde ele se foi.
- Deve ter ido embora!
- Ah não, gostei dele, eu quero falar com ele, quero que ele seja o meu Professor.
Marquinho saiu no corredor do sonho em busca do Professor, e Lina saiu com a professora Eme dizendo:
- “ Vai professora, vai... Vai para nunca mais voltar, Viver seu sono muito longe... Vagando ao luar.
- Lina, você está falando em luar?
- Sim professora, olhe lá.
Quando a professora Eme olhou para o imaginário pátio da imaginária escola, Marquinho parecia subir ao céu indo em direção a lua.
- Lina, faça como a professora Eme.
- E quê?
- W e x.
- Ele se esqueceu de y e z - argumentou alguém que chegava.
- Quem é você? - indagou Lina.
- Sou o João Rodrigues.
- Você está diferente ou não é o escritor João Rodrigues?
- Sim, sou o próprio - argumentou o escritor retirando a mascara dizendo:
- Estive em uma festa.
- Que festa? - indagou Lina curiosa.
- Lançamento do meu livro.
- Qual? - perguntou a professora Eme.
- “ A poesia”.
- Que sonho estranho - argumentou Marquinho acordando em sua casa dizendo:
- Lina, você está aí?
- O que foi Marquinho? - perguntou Maria ao filho.
- Nada mamãe, foi só um sonho...
Fim.
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