sábado, 29 de abril de 2023

A Poesia João Rodrigues

 A POESIA

 

JOÃO RODRIGUES

 

            Na sala de aula, Marquinho mais uma vez com a sua professora Eme, brincavam no sonho de aprender com os seus colegas.

            - Professora, quem é aquele homem?

            - Sou o professor Poema.

            - Professor Poema, nome estranho professora?

            - Sim Marquinho, mas não tem nada a ver, nome é nome.

            - É isso é, mas bem que ele poderia ter um nome mais bonito.

            - Isto não interessa agora o que temos mesmo que fazer e ir em frente, não viemos aqui para ficarmos falando de beleza de nomes.

            - O que foi mesmo que viemos fazer?

            - Se esqueceu...

            - Não, me lembrei - argumentou Marquinho vendo que chegava de uma maneira flutuante, grande quantidade de letras e elas se formavam poemas.

            - Veja professora, que lindo!

            - É a poesia Marquinho.

            - Não sabia que a poesia fosse assim.

            - Pois é! - exclamou o Professor Poema tendo a primeira estrofe do grande poema de letras.

            - “A do meu amor, Andando sempre comigo, A cada instante vivido,

     A a a’’...

            Marquinho gostou de ver, até leu:

            -“ B de bondade, Bom ato e gratidão, Boa nota que tenho, Bom pro coração’’.

            - E este Marquinho! - exclamou a professora Eme lendo:

            - “C do meu caminho, Com carinho eu vou, Caminhando com amor      Cada ser’’...

            Quando a professora lia...

            - “D de grande desejo, De Deus em nossa vida, Dentro do nosso eu,

    D da despedida’’...

            - Bonito Marquinho, agora sou eu - argumentou o Professor lendo:

            - “ E de escola, Estado e emoção, Espírito esportivo, Esperança e esperar’’.

            - “ F de flor, Formosa sempre a cheirar, Fazendo alguém cantar

    Feliz, feliz, feliz’’...

            - Gostei Marquinho! - exclamou a professora lendo:

            - “ G de gratidão, Glória e ilusão, Gesto e confissão, Glória, glória, glória’’...

            - Este é mais bonito.

            - Qual Professor Poema?

            - Este Marquinho - continuou o Professor lendo:

            - “ Hora, hora, hora, H da honraria, Hora de todo dia, Hora sempre hora’’...

            - Não gostei muito, acho mais bonito este - disse Marquinho fazendo pouco do verso do Professor.

            - “ Independência ou morte, Instante decisão, Instrumento em sua mão     Independente somos’’.

            - Isso Marquinho, se não fosse ele...

            - Eu sei professora, veja esse - continuou Marquinho.

            - “Justo é sempre bom, Justificando o dever, Julgando sem parecer

    Junto ao seu viver’’.

            - Não achei lá estas coisas.

            - Por que Professor?

            - Este é melhor.

            - Qual é o melhor?

            Assim o Professor respondeu o menino.

            - “ K só com k, K letra vulgar, K km kg, K não sei mais’’...

            Marquinho ficou por um instante em silêncio e depois falou:

            - Professora, o que está acontecendo com a classe, todos estão em silêncio.

            - Eles estão dormindo Marquinho - interrompeu...

            - Quem é você?

            - Sou o Professor Sono.

            - Professor Sono, já vi muitos outros Professores, mas, esse Professor Sono, esse é muito engraçado.

            - Pois é Marquinho, e eu sei ler também.

            - Como se você é sono, só pode viver dormindo.

            - Engano seu Marquinho - argumentou o Professor Sono dizendo bem alto:

            - “Liberdade, liberdade, Leva a nação avante, Livremente a viver’’...

            Marquinho gostou muito do Professor Sono e o abraçou dizendo:

            - Nunca pensei que um dia fosse conhecer o Professor Sono.

            - Obrigado Marquinho, eu sempre te conheci.

            - Como, você...

            O Professor não deu muita atenção a Marquinho e continuou recitando as poesias:

            - “ Meu coração apaixonado, Morre de tanta saudade, Minhas veias como lágrimas, Minha lágrima de paixão’’.

            Até a professora Eme ficou encantada com o Professor Sono.

            - Fale, mais um Professor.

            - Sim Marquinho, você é um menino muito interessante.

            - Obrigado, pode falar.

            - Sim, claro que posso.

            De modo que o Professor continuou dizendo:

            - “ Nada posso fazer, Na vida por nada ser, Na confusão do ser, Nada posso entender’’.

            Marquinho olhou pro lado e observou que o Professor Poema tinha desaparecido.

            - Professora Eme, pra onde...

            - Ele se foi Marquinho.

            - Não gostou da chegada do Professor Sono?

            - Isso Marquinho - interrompeu o Professor Sono dizendo:

            - “ O” o não é um ovo, O ovo não é um “o”, O e o  ovo são parecidos,       Olho o ovo e o “o”

            Marquinho se aproximou da Professora Eme e disse:

            - Bem que o Professor Poema se foi, que esse Professor é mesmo muito metido.

            - “ Para que parar, Pois o p da poesia, Põe sempre alegria, Pode Marquinho’’...

            - Olhe só ele, ainda põe até o meu nome nas poesias dele.

            Marquinho indignado, mas não parava de observar a sabedoria do Professor Sono que continuava a dizer:

            -“ Quero sempre querer, Quero o que sempre quis, Quero poder dizer

     Que quero ser feliz’’.

            Marquinho observou que o que estava acontecendo na verdade era verdadeiramente um sonho, pois ele até relatou:

            - Professora Eme, estamos acordados ou estamos sonhando?

            A professora não respondeu, pois foi interrompida pelo Professor Sono que disse:

            - “ Rapaz não fique triste, Resolva com atenção, R sempre existe,    Retratando a resolução’’.

            Nervoso Marquinho relatou:

            - “ Sei que s existe, Sabia quanto a mim, Sem s alguém desiste, Sem s não tem o sim’’.

            - É isso Marquinho - argumentou Lina que acabava de chegar.

            - Lina, o que está fazendo aqui?

            - Não posso sonhar também, afinal você está falando com o Professor Sono.

            - “ Teus olhos como são lindos, Todos azuis como o mar, Tempos em tempos’’...

            - Parabéns Lina, agora acredito que é mesmo minha irmã.

            - Lina é sua irmã mesmo Marquinho? - indagou o Professor Sono.

            Lina não permitiu que Marquinho respondesse o professor, pois continuou dizendo:

            - “ U últil para mim, Unidade do viver, Unicamente a ser, União do meu poder.

            Marquinho não respondeu o Professor.

            - Lina não deixou professor, e para onde ele se foi.

            - Deve ter ido embora!

            - Ah não, gostei dele, eu quero falar com ele, quero que ele seja o meu Professor.

            Marquinho saiu no corredor do sonho em busca do Professor, e Lina saiu com a professora Eme dizendo:

            - “ Vai professora, vai... Vai para nunca mais voltar, Viver seu sono muito longe...  Vagando ao luar.

            - Lina, você está falando em luar?

            - Sim professora, olhe lá.

            Quando a professora Eme olhou para o imaginário pátio da imaginária escola, Marquinho parecia subir ao céu indo em direção a lua.

            - Lina, faça como a professora Eme.

            - E quê?

            - W e x.

            - Ele se esqueceu de y e z - argumentou alguém que chegava.

            - Quem é você? - indagou Lina.

            - Sou o João Rodrigues.

            - Você está diferente ou não é o escritor João Rodrigues?

            - Sim, sou o próprio - argumentou o escritor retirando a mascara dizendo:

            - Estive em uma festa.

            - Que festa? - indagou Lina curiosa.

            - Lançamento do meu livro.

            - Qual? - perguntou a professora Eme.

            - “ A poesia”.

            - Que sonho estranho - argumentou Marquinho acordando em sua casa dizendo:

            - Lina, você está aí?

            - O que foi Marquinho? - perguntou Maria ao filho.

            - Nada mamãe, foi só um sonho...

 

            Fim.

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